sábado, 9 de outubro de 2010

Indicação de Leitura!

Segue o Link do Primeiro Texto trabalhado em nosso grupo conspiratório.

Trata-se do Texto "O Narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov", de autoria de Walter Benjamim.

http://www.4shared.com/document/fEjUbrnp/Benjamin_Walter_O_narrador___.htm

"História Local é a Prática que Contesta"


GRUPO DE ESTUDOS – CASA DO CAPITÃO MOR
CIDADES, HISTÓRIA LOCAL, EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E OUTRAS ARTES.

“História local é a prática que contesta”
Denis Melo

            Seguem alguns pressupostos conspiratórios para as atividades do grupo de estudos Cidades, Histórica Local, Educação Patrimonial e Outras Artes, entendendo que as questões essenciais estão contidas no pequeno texto acima que norteou as discussões  na oficina de História Local, baseadas no pensamento brilhante de Pascal.
            Com relação o sentido da  teoria, esse campo minado para muitos historiadores, compartilhamos com Deleuze quando escreve que “a  própria teoria é uma pratica, tanto quanto seu objeto. Ela não é mais abstrata que seu objeto. É uma prática de conceitos, e é preciso julga-la em função de outras práticas nas quais interfere”.

  • O grupo de estudos deverá ser um espaço fundamental de pluralidade metodológica e teórica, de modo que o enfrentamento de outros saberes transversais e paralelos, presentes em textos de Virilo, Barthes, Nietzsche, Deleuze, Foucault, Saramago, Pamuk, Benjamin, Milton Santos entre outros, deverá ser feito sem cerimônia, sem peso na consciência. Ser Historiador é estar sempre aberto na medida de nossa competência e de nossa sapiência.
  • Nosso desafio é trazer a(s) cidade(s) à nossa mesa de trabalho, a nossas reflexões mais refinadas. É fazer de sua polifonia o nosso banquete de cada dia.
  • Devemos pensar como a cidade de Sobral  é narrada em seu passado, e aqui cabe uma reflexão fundamental para o historiador: o que determinada sociedade considera o seu passado?
  • Sobral, como qualquer outra cidade, cria, recria e expande suas imagens fundadoras, suas “certidões visuais”. O desafio é  querer entender como esta(s) cidade(s) reverbera sua monumentalidade, aqui no triplo sentido de lembrar suas memórias , suas imagens e edificações, bustos e símbolos.
  • Buscar a poesia de suas ruas, esquinas, becos e vielas. Alcançar sua poética cotidiana.
  • Pensar na cidade “real” e também na cidade invisível. Assim, repensar a cidade formal, organizada e ordenada pelo poder geométrico, burocrático e frio. Ir além da espacialidade oficial e buscar “as práticas estranhas”  como sugere Certeau. Assim, “balançar o chão da praça”, como sugere o poeta. “Balançar o chão da praça”  equivalerá para nós, encontrar, enxergar “as pernas das formigas”...
  •  Buscar “o traçado pictural, escritural e literário, tecido nos fios de um palimpsesto que guarda os restos mnemônicos do texto citadino”, de modo que outras cidades possam fluir para além de sua arquitetura visível. A cidade está também nas palavras e lamentos escritos nos muros da cidade, também no traço de um pintor que, expondo no Beco do Cotovelo suas telas sem perspectiva, sem estudo, guardam em suas cores e motivos, a vida e lugar de seu autor...
  • Buscar “o descentramento de lugares fixos e legitimadores do poder hegemônico” que pretende organizar e normatizar a cidade, pretendendo instituir o “lugar” de seu conceito e de sua determinação.
  • Assim, buscar também a cartografia afetiva, a morfologia utópica. Cidade e sentimentos se conjugam. Entender e discutir o projeto moderno que desde o bispado de Dom José vem embebendo a cidade de seu “doce veneno”. Nesse sentido é necessário entender suas utopias (parece-nos que Sobral será sempre a “cidade do futuro”, pronta para o devir, apta a responder todas as nossas inquietações.
  • Perceber a fluidez da ordem espacial, já que a cidade é lugar/espaço (conceitos que precisaremos discutir) da relação fixidez-movimento.
  • Nas cidades, como sugere o grande poeta Jorge Luis Borges, “o que está perto se distancia”. Como? A que distancia Sobral está  de seu passado? O que se distancia mais da cidade, o passado ou o futuro?
  • Discutir a história oficial da cidade e fazer outra coisa disso. Como sugere brilhantemente Deleuze: “fazer um filho por trás”. Portanto, o desafio é DESNATURALIZAR tudo o que nos cerca, o que cerca os documentos e monumentos que contam as histórias da cidade. Para tanto, precisamos descobrir a arte de andar pelas ruas de Sobral.
  • Buscar as epígrafes (“Sobral de Dom José”; “Sobralidade”) e os “epitáfios” (morte e ressurreição de seus grandes vultos que claramente ou sorrateiramente se esquivam no dia das práticas discursivas de agentes da cidade) as sinalizações de ruas, avenidas, prédios, praças, bustos, monumentos...
  • Buscar portas e passagens simbólicas da cidade, as “notas d rodapé”, as pequenas grafias, os pequenos traços, “fios e rastros”, as “pernas das formigas”...
  • Buscar duplamente a prática do desvio: nosso, enquanto historiadores e dos  sujeitos enquanto moradores ordinários da cidade.

Propostas Básicas do Grupo de Estudos


GRUPO DE ESTUDOS
Denis Melo


“A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando estes existem. Mas pode fazer-se, deve fazer-se sem documentos escritos, quando não existem. Com tudo o que a habilidade do historiador lhe permite utilizar para fabricar o seu mel, na falta das flores habituais. Logo, com palavras. Signos. Paisagens e telhas. Com as formas do campo e das ervas daninhas. Com os eclipses da lua e a atrelagem dos cavalos de tiro. Com os exames das pedras feitos pelos geólogos e com as análises de metais feitas pelos químicos. Numa palavra, com o tudo o que, pertencendo ao homem, exprime o homem, demonstra a presença, a atividade, os gostos e as maneiras de ser do homem.”
Jacques Le Goff

            A vertigem é também tema da história. E por que não? Nada é mais vertiginoso do que uma cidade, pequena ou grande. Lugar de fluxos e refluxos, de velocidade e de lentidão, a cidade guarda em sua alma as pedadas correntes de sua maldição, mas também a graça de sua proteção – como na Idade Média em que as cidadelas muradas protegiam todos os seus moradores dos demônios espirituais e de carne e osso...
            A história faz-se com documentos. As cidades são uma verdadeira usina de acontecimentos, significados e de documentação. Todo dia é usinado uma infinidade de documentos que vão desde as “pernas das formigas” de que fala Pascal, até os signos, paisagens, telhas, ervas daninhas, de que fala Le Goff.
            Portanto, precisamos analisar “textos que falam a cidade, ou onde ela fala, com sua capacidade de fabulação que mistura a tendência racionalizadora, geométrica, dos poderes que, com os desejos, os sonhos, as experiências e as vivências dos homens, a querem ordenar e controlar.”
            Ordenar e controlar. Perceber a sutileza das várias formas de controle e de ordenamento social, que vão desde a construção de um novo mercado público, aparentemente apenas uma obra de engenharia e de arquitetura, até as regras sobre os usos das ruas do centro da cidade por vendedores ambulantes.
Pensar o conhecimento sempre no plural. Assim como plural é a cidade, porque afirmou acertadamente Walter Benjamin, “uma cidade ajuda a ler outra cidade”. Tema muito bem fundamentado quando lemos As Cidades Invisíveis de Ítalo Calvino.
Vamos ler romances, poesias, contos, ensaios. Imaginemos o quanto um livro como As Cidades Invisíveis tem a nos dizer em sua arquitetura textual e simbólica. A leitura de Pamuk, Machado de Assis, Cordeiro de Andrade, Domingos Olímpio, nos dizem como as coisas poderiam ter sido e não foram...
A sensibilidade também é matéria da História. Vamos pensar num livro como O Labirinto da Solidão, de Octavio Paz e buscar no texto a sensibilidade de um exilado, de um homem “torturado” por uma identidade escorregadia, tênue, reticente...

ENCAMINHAMENTOS OU PEQUENO CADERNO DE (IN)UTILIDADES:

- Criar um blog (CONS-PIRAÇÃO) para divulgar as discussões e propostas do grupo;
- Planejar, organizar e realizar eventos culturais: performances poéticas, esquetes teatrais, seminários, debates, etc.;
- Participar de eventos locais, estaduais e nacionais com trabalhos dos membros do grupo;
- Posteriormente registrar o grupo.